29.9.11

PORQUE OS PROFESSORES ESTÃO INSATISFEITOS NA FRANÇA

Matéria feita a partir do Blog: Coisas da Educação;
A relação do professorado na Europa e a exploração desta categoria aqui no Brasil trazem consigo algumas semelhanças, pois o capital iguala a exploração sobre o ser humano em qualquer parte do planeta. No tocante a Educação esta exploração é mais latente, pois evidencia que o produto deste trabalho não é objetivo do capital, não interessa, não convém gastar dinheiro com isto, desde que a mão de obra seja formada, a intelectualização do ser humano e a consequente sociedade mais justa, igualitária, com mais e melhores oportunidades também não importa. O projeto passa por garantir o Lucro de uma meia dúzia de aquinhoados. Aliás, esta tem sido a retórica usada pelo capital: O lucro vai aumentar, não dizem de quem é este lucro, mas dizem que ele vai aumentar. È como aqui no Brasil quando da construção de portos expulsam dezenas, centenas, milhares de pescadores e suas famílias das regiões litorâneas em detrimento da construção de um mega-projeto que vai gerar um lucro de ‘’tantos milhões’’. A empregabilidade de milhares de famílias é compatível com os empregos gerados pelo porto, porém o lucro do dono do porto é bem maior. Este dono do porto é amigo dos políticos que autorizaram a remoção das famílias e a consequente construção, dane-se o meio ambiente o lucro do mega-empresário está garantido.

É esta mesma lógica que prevalece nas construções dos prédios em áreas ambientais, da invasão da região litorânea para construção de mansões e na consequente exploração da mão de obra em favorecimento destes mega-investimentos. O que importa é o aumento do lucro seja na construção civil, nos grandes eventos esportivos, nas grandes e megalomaníacas construções, nas grandes negociatas... E aí é óbvio não sobra dinheiro para a previdência, para a saúde e nem para o aumento dos professores.

Contudo a reação na Europa foi diferente da manifestação dos professores no Brasil, embora a forma de opressão salarial tenha sido a mesma, por caminhos distintos o sentido foi o mesmo, porém a mobilização do professor brasileiro foi infinitamente menor que a do professor na Europa.

A acomodação dos segmentos explorados diante da agudização das ferramentas de exploração do capital podem criar uma ambiência em que estas ações sejam cada vez mais eficazes e duras, o que diminuiria nossas possibilidades de enfrentamento mais a frente. Neste sentido, aprendamos com os profissionais da França e mostremos nossa indignação.

Vamos ao texto do Prof. Zacarias,

 
As razões da insatisfação do professorado francês não são diferentes das do professorado da Espanha. Ambos estão sujeitos à lógica da produtividade e flexibilidade determinada pela economia de mercado em bases neoliberais.

As transformações do ofício docente impostas pela revisão geral das políticas públicas na educação da União Europeia, a França e a Espanha são países membros, determinam que os professores sejam mais produtivos e flexiveis nas suas práticas pedagógicas.

Essas duas determinações transformam profundamente o ofício docente. Elas impõem que as cargas horárias semanais na escola de educação básica sejam aumentadas de 18 para 22 horas e que os professores de uma matéria possam ensinar conteúdos de outra. Essas determinações desprezam que tal ofício não se esgota na sala de aula porquanto exige preparações de aulas e correções de inúmeros trabalhos escolares, e que ser flexível nas práticas pedagógicas não quer dizer ensinar quaisquer conteúdos. Na França os professores de Matemática estão sendo forçados a dar aulas de Ciência e Vida na Terra.

Na essência as reformas das políticas de educação querem extrair mais trabalho dos professores com as mesmas remunerações e diminuição do número de docentes por escolas. Ou seja, passam a considerar a escola como uma fábrica de uma dada mercadoria e o professor como os seus trabalhadores. Deles esperam extrair mais valia absoluta desprezando os limites físicos da atividade docente.

A resistência docente francesa e espanhola não é descabida ou desprovida de sentido. Ela se inscreve historicamente nas lutas dos trabalhadores de educação contra a exploração capitalista.

Os policy makers que busquem outras formas de melhorar o desempenho dos estudantes, mas sem o sacríficio do professorado, dos seus planos de trabalho e das suas carreiras.


A presente matéria foi extraída do blog: COISAS DA EDUCAÇÃO http://zjgama.blogspot.com/


Que é produzido pelo Prof. Zacarias Gama da UERJ(Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Tenho recorrido diariamente a tal fonte e aconselho que façam o mesmo.








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