28.12.10

Contextualização da Disciplina EJA

Ao falarmos da formulação desta modalidade de ensino estamos admitindo a existência de uma dívida histórica que o Brasil tem para com todos os cidadãos de 15 anos ou mais que não concluíram a educação básica, portanto, trata-se da mudança do foco da culpabilização quanto a este problema, não se trata de afirmar que o educando não estudou, ao contrário, foi à sociedade e o estado que não ofereceram condições para que estas pessoas pudessem seguir o estudo de maneira regular. Criar condições para que este público possa ter esta oportunidade antes negada, é, portanto, o maior desafio da sociedade brasileira. Além de criar estrutura logística para superar esta característica de nossa sociedade, torna-se imperioso que os professores e professoras dos sistemas públicos, bem como das chamadas, iniciativas populares de ensino, saibam trabalhar com esse segmento populacional, ou melhor, com estes possíveis alunos e alunas, utilizando metodologias e práticas pedagógicas capazes de respeitar e valorizar suas especificidades. O olhar voltado para este(a) aluno(a) como um dos sujeitos de sua própria aprendizagem, que traz para o ambiente educacional um conhecimento vasto e diferenciado, contribui, efetivamente, para sua permanência neste ambiente de aprendizagem, agora oferecido com mais regularidade pelos sistemas públicos de ensino.
A esta perspectiva metodológica especifica, públicos diferenciados, realidades distintas, objetivos distintos, caminhos distintos, denomina-se Educação de Jovens e Adultos. Não é difícil compreender que se tratam de atores com especificidades diferenciadas, seja pela ausência do vinculo afetivo com a realidade escolar, ou simplesmente pela predominância, ao menos por enquanto, de uma faixa etária mais madura que já viveu a muito, a maturidade psíquica e biológica que os colocaria em um nível de desenvolvimento cognitivo comum para vincular-se à um processo pedagógico. Esta maturidade psíquica e biológica, mais a presença de jovens que romperam com o sistema tradicional de ensino, justificam a produção de um processo metodológico diferenciado, esta é a razão principal da formulação desta categoria de ensino: a EJA. Alguns olhares cuidadosos demandam novos caminhos pedagógicos, aí destacam-se; a negação da infantilização do processo pedagógico, por ex: exercícios com motivações infantis devem ser substituídos por material didático adequado, relações idílicas estabelecidas por professores devem dar vez a relações mais maduras e diretas, neste momento esta prática pedagógica torna possível estabelecer metas junto aos próprios discentes, neste caso os(as) alunos(as) passam a fazer parte do planejamento, do estabelecimento dos prazos e de toda dinâmica do curso. Tanto quanto a prática pedagógica se faz necessário atender as peculiaridades logísticas que venham atender a faixa etária especifica. Demanda diferenciada na constituição de um espaço pedagógico adequado, por ex: iluminação, distância das carteiras escolares para o quadro, horário de inicio e termino da jornada diária, tamanho da letra do material didático oferecido... São algumas destas peculiaridades, que podem obstaculizar a efetivação deste processo pedagógico. Convém ressaltar, que estamos tratando exclusivamente de pessoas que, por conta destas e de outras dificuldades no processo pedagógico, já romperam com o sistema tradicional de ensino. Portanto, um novo rompimento seria muito mais simples que no sistema tradicional de ensino.
Nos textos que se seguem vamos aprofundar um pouco mais o conhecimento a cerca deste tema.

2 comentários:

  1. Excelente,os alunos do EJA,realmente precisam ter suas peculiaridades respeitadas,não se pode trata-los como alunos comuns,alguns professores simplesmente os ignoram,e isso precisa mudar.

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  2. Muito boas as observações. Precisamos de seriedade no trato com este educando que já não tem mais tempo para os enfeites.

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