7.3.10

Deu na NET...

Sobre a dívida externa...


A idéia de postar este texto surge em função da clareza e da mensagem trazida pelo mesmo. Confesso que já vi esta mensagem à muito tempo e é exatamente aí que reside a surpresa que me leva a colocá-la aqui no Blog. A característica escatológica que há nesta missiva, ou seja, a idéia da exploração e a sarcástica proposta feita pelo embaixador mexicano são extremamente atuais e oportunas, pois possuem aí uma dupla funcionalidade que são: Primeiro denunciar esta questão da exploração exercida pelo capital, quando obriga um grande a ratificar a condição de outros pequenos, e então continuar grande... E a outra função deste artigo, é a de despertar, no maior número possível de pessoas, a indignação por esta situação. Particularmente creio, de forma esperançosa, que em cada uma das repúblicas do mundo onde, a maioria das pessoas forem indignadas com a ratificação deste modelo econômico, que a existência destas pessoas acabe por criar condições para que os seus regimes de governo naveguem na contramão deste modelo explorador, bem como as suas formas de ratificarem esta condição. Uma destas formas mais perversas é a cobrança da chamada divida externa, brilhantemente explorada no texto, quando então cria-se uma armadilha intransponível para os países pequenos onde fica garantida a manutenção desta condição, ou seja, a divida externa é uma forma de manter um grupo de países reféns de um outro grupo que tem na existência desta a continuação da sua condição de grande.

A dívida externa, ou melhor, as dívidas externas são apenas uma das tentativas de se perpetuar esta condição de dependências entre os maiores e os menores. Contudo, por mais que a idéia de resistir possa parecer insignificante lembremo-nos dos exemplos de Cuba, Venezuela, Irã, Vietnã e outros que abstenho de lembrança.

Ainda que estas resistências tenham suas peculiaridades e eventualmente não concordemos com algumas delas, cabe o registro de sua incomodação e é neste sentido que exponho aqui este texto, para tentar convencer, ou melhor, agrupar o maior número de pessoas que queiram registrar a indignação deste modelo e que esta indignação sirva para estimular que em suas republicas hajam resistências quanto a forma de exploração de uma nação sobre a outra.

A partir daqui transcrevo ipsis litteris o e-mail que recebi...

DISCURSO DO EMBAIXADOR MEXICANO

• Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de ascendência indígena, sobre o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Européia.

• A Conferência dos Chefes de Estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em Madrid, viveu um momento revelador e surpreendente: os Chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e historicamente exato.

Eis o discurso:

• "Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" há 500... O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros, sem lhes pedir consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos de 1503 a 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

• Teria aquilo sido um saque? Não acredito, porque seria pensar que osirmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

• Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

• Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a atual civilização européia se devem à inundação dos metais preciosos tirados das Américas.

• Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma indenização por perdas e danos.

• Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

• Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.

• Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

• Não.

No aspecto estratégico, delapidaram-nos nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de extermínio mútuo.

• No aspecto financeiro, foram incapazes - depois de uma moratória de 500 anos - tanto de amortizar capital e juros, como de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

• Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para cobrar.

Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que, aliás, os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

• Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo-lhes 200 anos de bônus. Feitas as contas a partir desta base e aplicando a fórmula européia de juros compostos, concluímos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

• Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

• Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

• Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal, que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

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• Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira Dívida Externa.

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