10.8.09

Sobre os Ciclos...



Um dos debates mais interessantes que venho travando em sala de aula é o que trata das questões pertinentes aos Ciclos. Seguidamente encontramos a distorção na interpretação deste tema, que é o fato de atribuírem erroneamente aos ciclos a pratica do que aqui poderíamos tratar por: "Aprovação Automática". O que definitivamente não é nada relacionada com a proposta trabalhada por Walon.
"A educação por ciclo se justifica, pelo fato de que a educação deve ser adaptada ao homem e não aos interesses particulares ou transitórios da economia, da política, nacional ou internacional, das ideologias, nacionalidades ou culturas, como na verdade a educação atual ocorre".
Todavia, oportuno entender a relação que há entre, uma predominante visão conservadora, que não consegue conviver com novas perspectivas educacionais, em detrimento de uma concepção inovadora que vê na educação uma relação com novas possibilidades, mais inclusivas e que compreenda novos paradigmas culturais e sociais colocados para a juventude.

Segundo Elvira de Souza lima, entender a proposta dos ciclos é redimensionar o tempo da escola, é perceber a criança dentro de uma nova ordem cultural e biológica. Poderíamos adicionar ao raciocínio da autora o fato de que na com temporaneidade a sociedade vislumbra um novo papel para a escola, diferentemente de uma visão docilizadora dos corpos, apontada por Foucault. Hoje podemos afirmar que a escola começa a perceber a importância em associar o desenvolvimento cognitivo a presença do(a) aluno(a) convivendo no ambiente escolar, esta presença é tão importante quanto o desenvolvimento cognitivo, investir nesta presença é crer na força do processo educacional. Este talvez seja o maior desafio desta perspectiva educacional, ou seja, convencer a sociedade que os anos vividos na escola, associados ao sucesso cognitivo, podem ter um resultado, do ponto de vista educacional, mais interessante do que simplesmente o olhar focado num possível aproveitamento no conteúdo proposto por uma escola, que foi formatada com um claro propósito de atender uma lógica competitiva, em que a maioria das crianças em idade escolar não tinha acesso a esta escola.
Para se compreender este cenário é preciso entender a lógica dos alunos que vivem um roteiro de exclusão, na medida em que fica acentuada diante dos seus pares, a sua incapacidade em superar as diversas etapas do processo escolar. Em contrapartida a esta prática temos um aluno que ao não ter esta “incapacidade” revelada tende a permanecer nesta escola, então enfrentamos o seguinte desafio: convencer a sociedade que estes anos de escolaridade criam um cenário educacional, que fora posto num plano secundário por uma lógica unicamente pautada na absorção dos conteúdos.
Crer na permanência escolar é acreditar em uma relação que invista na permanência do aluno na escola, é investir na temporalidade do aluno e principalmente é ter a consciência que aumentando o convívio com o ambiente escolar estaremos ofertando uma série de possibilidades culturais e educacionais aos alunos desta escola. Bibliotecas, Museus,Comemorações, Festas, Lembranças de aniversários e relações simples como um beijo, um bom dia. Quanto mais tempo estas relações forem permitidas, maior será a possibilidade de crescimento deste(a) aluno(a) e muito provavelmente este caminho permitirá uma maior possibilidade ao desenvolvimento cognitivo deste ente constitutivo desta escola.

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