Em relação ao episódio da Criança que quebra a escola no RJ.
Segunda observação; Percebe-se claramente que há em nosso campo de trabalho uma fala de que; ‘’não podemos fazer nada’’, aliás, uma voz no vídeo afirma isto claramente. Ouve-se em dado momento,
‘’Deixa, deixa... ‘’
Ali fica implícita a ideia de que haveria, possivelmente por força da lei, um impedimento à nossa intervenção. Há a sensação de impotência, como se não pudéssemos fazer nada, o que definitivamente não é verdade, ouso a afirmar que há implicitamente um tom jocoso em relação ao ECA(Estatuto da Criança e do Adolescente) que notoriamente sofre reação negativa de grande parte da categoria. Venho exaustivamente refutando esta afirmação, não; O ECA não minimiza em nada nossa ação, ao contrário, cria mecanismos interessantíssimos em apoio desta.
Antes que os brados ecoem, faço a pergunta;
- Em que artigo o ECA nos atrapalha?
E por fim... Agora para pontuar categoricamente este embate; É preciso ter a coragem de assumirmos a seguinte questão, De que lado você está? Do lado que luta pela construção de uma sociedade mais justa, em que criemos condições de minimizar as injustiças causadas por um modelo desigual? Ou do lado que entende que as coisas são assim e as pessoas não vencem porque não querem? Esta é a retórica que está posta !!!
Particularmente acredito que as razões que intermedeiam a ação do menino e a reação equivocada dos profissionais envolvidos tenham origem na desigualdade social de nosso país, na falta de condições de trabalho destes profissionais, na falta de esclarecimento dos professores( no que concerne o ECA), que ironicamente navega em terreno de enfrentamento destas desigualdades das quais estes mesmos profissionais da educação são vítimas. E de forma mais dura, é preciso ter a coragem de afirmar;
Temos lado !!!
Acreditamos na mudança e a criança em questão é vitima de um modelo desigual, a ação, corretíssima de sua mãe que busca reparação a exposição da imagem de seu filho, aliás, baseada nas garantias de direitos preconizada no ECA, faz-se oportuna. Sem negar que há que se discutir a negligência, ou não desta mãe, proletária escravizada em uma sociedade capitalista com características fortemente escravagistas e deliberadamente desiguais.
Há que lutar, há que resistir e torna-se imperioso não condenarmos os atores envolvidos, neste episódio, sejam eles: Pais, alunos e Professores, mas sem jamais deixar de reconhecer os erros e, na medida em que os reconhecemos, fazer deste momento um momento de crescimento para todos(as) nós.
Toda força e apoio aos profissionais envolvidos, toda força e apoio a família envolvida e de forma veemente toda força e apoio a criança envolvida.
Que não haja espaço aos conservadores, que não repliquemos a blasfêmia do totalitarismo, que nossa indignação não vire ódio e que toda nossa atenção vire esperança.
Antonio Futuro é Professor da Rede pública Estadual RJ, Ms. em Educação e escreve sobre Juventudes e Violências.
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