10.5.11

Anísio Teixeira, ele ousou pensar a Educação.

''Numa democracia, nenhuma obra supera a de educação. Haverá,
talvez, outras aparentemente mais urgentes ou imediatas,
mas estas mesmas pressupõem, se estivermos numa democracia,
a educação.
Todas as demais funções do estado democrático pressupõem a educação.
Somente esta não é conseqüência da democracia,
mas a sua base, o seu fundamento, a condição mesmo para a sua existência."


Anísio Teixeira


Anísio Spínola Teixeira (Caetité, 12 de julho de 1900 — Rio de Janeiro, 11 de março de 1971) foi um jurista, intelectual, educador e escritor brasileiro. Personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização. Em 1928, ingressou na Universidade de Columbia, em Nova York, onde obteve o título de mestre e conheceu o educador John Dewey.
Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Dando sequência a uma vida voltada para a construção de uma Educação digna, pública e de qualidade, ainda fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil.
Durante a última fase do Estado Novo, Teixeira afastou-se da vida pública. Dedicou-se, então, à mineração - atividade de alguns parentes. Aproximou-se mais do amigo Monteiro Lobato e publicou Educação para a Democracia, além de realizar diversas traduções.
Na década de 1940, foi Conselheiro da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Voltando o país ao regime democrático em 1946, Teixeira foi convidado por Octávio Mangabeira - um dos maiores líderes liberais do seculo XX, fundador da UDN, também exilado e então eleito para o Governo da Bahia - a ser o Secretário de Educação e Saúde. Dentre outras realizações, construiu na Liberdade - o mais populoso e pobre bairro da capital baiana - o "Centro Educacional Carneiro Ribeiro", mais conhecido por Escola Parque, lugar para educação em tempo integral e que serviria de modelo para os futuros CIACs e CIEPs.
Nos anos 50, dirigiu o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, ou INEP, órgão do Governo Federal que, no governo de Fernando Henrique Cardoso, passou a se chamar Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Foi também o criador e primeiro dirigente da Campanha Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (atual CAPES), criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto nº 29.741, pelo presidente Getúlio Vargas, e que Anísio dirigiu até o golpe de 1964. A CAPES subordinava-se diretamente ao Presidente da República mas, depois de 1964, passou a integrar o organograma do Ministério da Educação. De todo modo, mais uma vez, com a ditadura militar, Anísio deixou sua direção.
Foi um dos idealizadores do projeto da Universidade de Brasília (UnB), inaugurada em 1961, da qual veio a ser reitor em 1963, para ser afastado, novamente, após o golpe militar de 1964.
O legado
• De sua obra em Salvador, destaca-se o Centro Educacional Carneiro Ribeiro (melhor conhecido por Escola Parque), de 1950, situado no populoso e pobre bairro da Liberdade, no qual buscou inspiração Darcy Ribeiro para, na década de 1980, criar os CIEPs. Na década de 1990 foi a vez do Governo Federal criar os CIACs e, no início do século XXI, na Bahia, os Colégios Modelo - todos fundamentados em sua ainda atual visão da educação integral e, no início do século XXI, os mais de 21 CEU's (Centros Educacionais Unificados), construídos na cidade de São Paulo, tiveram em seus projetos fortes influências da Escola Parque de Anísio.
• Em Caetité, em sua casa natal, mantém-se a Fundação Anísio Teixeira, presidida por sua filha Anna Cristina Teixeira Monteiro de Barros, com apoio governamental (Estado e Município) e da iniciativa privada, e a Casa Anísio Teixeira, com biblioteca, museu, cine-teatro e biblioteca móvel. A instituição leva conhecimento e mantém viva a memória do grande educador brasileiro.
• No Rio de Janeiro existe o Centro Educacional Anísio Teixeira, escola privada de ensino fundamental e ensino médio, com proposta pedagógica segundo as ideias do educador.

Uma morte misteriosa
À todos que ousam sugerir que não houve ditadura militar neste país.
Diversas circunstâncias obscuras cercaram a morte de Anísio Teixeira. Dois meses antes de sua morte, ele escreveu: "Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de imprevisto e terrível, talvez devido seu caráter definitivo: a vida é permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte". (numa carta a Fernando de Azevedo)

Por intercessão do amigo Hermes Lima, Anísio candidatou-se a uma vaga na Academia. Iniciou-se assim a série de visitas protocolares aos Imortais.

Depois da última visita, ao lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Anísio desapareceu. Preocupada, sua família investigou seu paradeiro, sendo informada pelos militares de que ele se encontrava detido.

Uma longa procura por informações teve início - repetindo um drama vivido por centenas de famílias brasileiras durante a ditadura militar. Mas, ao contrário das desencontradas informações e pistas falsas, seu corpo foi finalmente encontrado no fosso do elevador do prédio do imortal Aurélio, na Praia de Botafogo, no Rio. Dois dias haviam se passado de seu desaparecimento. Seu corpo não tinha sinais de queda, nem hematomas que a comprovassem. A versão oficial foi de "acidente".

Calava-se, para um Brasil mergulhado em sombras, uma voz em defesa da educação - portador da "subversiva" ideia de um país melhor. Era o dia 14 de março de 1971.



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