17.9.11

Escolas Particulares do Rio de Janeiro lideram ranking nacional do Enem e confirmam a elitização do ensino no Brasil

Em 2009, 25% entre as 20 escolas com melhores médias no Enem eram fluminenses, agora são 45%. O caríssimo Colégio São Bento, infinitamente com mais recursos que as escolas públicas em nosso estado têm nota mais alta

O Rio de Janeiro é o Estado com mais escolas entre as 20 escolas que aparecem no topo do ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de instituições que tiveram a participação de mais de 75% dos alunos no na avaliação. São nove no total, incluindo o Colégio de São Bento, que obteve a primeira colocação com uma média total de 791,7 e a totalidade dos alunos do terceiro ano realizando a prova. Essa é a quarta vez que a instituição obtém a melhor média desde a criação do ranking em 2006. É a confirmação do traço Pombalino de nossa Educação, uma escola voltada para a formação e consequentemente privilégio das elites, onde os recursos públicos não são disponibilizados na direção de uma educação inclusiva que possa reduzir a distancia abissal entre os mais pobres e as elites que historicamente contam com a ajuda dos governos.  

O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta segunda-feira (12) o resultado por escolas do exame realizado em 2010 e, pela primeira vez, foi levado em conta o percentual de alunos que fizeram a prova. As outras escolas fluminenses no top 20 foram: Colégio Cruzeiro do Centro (6º), Santo Agostinho da Barra da Tijuca (9º), Andrews (12º), Santo Agostinho do Leblon (13º), PH (14º), Franco Brasileiro (15º), Ipiranga (17º) e Escola Modelar Cambaúba (19º). Minas Gerais tem cinco colégios entre os 20 melhores, e São Paulo, Mato Grosso do Sul e Piauí têm dois.

No ranking de 2009, as escolas do Rio ocupavam cinco das 20 primeiras posições (25%), e oito entre os 30 melhores. Agora são nove colégios entre os 20 (45%) e 13 entre os top 30.


Entre as campeãs, as que possuem mais recursos;

Todas as escolas fluminenses que estão entre as 20 mais bem colocadas do ranking são privadas e ficam na capital, ou seja, as que recebem uma melhor estruturação advinda de seus recursos. Entre as escolas públicas, que não recebem o mesmo suporte, embora haja dinheiro de sobra para isto, a mais bem colocada é o Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, mais conhecido como Colégio de Aplicação da Uerj (CAp-Uerj), em 24º no país. Contudo, há que se relativizar o que é ser bem colocada? Quais as reais intenções da educação pública no Brasil? Seria como afirmava Paulo Freire, uma escola voltada para a formação do cidadão crítico, ou simplesmente uma escola valorizando a disputa em sociedade.

Mais dinheiro para os banqueiros do que para a Educação;


O Estado e os governos - sucessivos governos - têm muita responsabilidade pela má qualidade da Educação Básica no Brasil. A própria presidenta Dilma Roussef aprofunda o problema quando contingencia ou corta parte do Orçamento da União em 2011 para reduzir os gastos governamentais. Enquanto isso, para pagamento de juros da dívida pública, só nos últimos 12 meses, as três esferas de governo pagaram juntas quase 214 bilhões de reais. Em outras palavras, o problema não é o dinheiro, e sim, onde ele é aplicado.  Esta opção da presidente acaba por elucidar a intenção da Educação no Brasil, quem devem ser os beneficiários, como o recuso deve ser aplicado.


Vejam a absurda afirmação do Diretor do CAP - UERJ;

O instituto serve para formar professores da Uerj, e recebe alunos da graduação, que dão aula, supervisionados pelo corpo permanente. “Caímos'' (Grifo meu) um pouco em relação ao ano passado, mas o ‘’padrão de qualidade’’ (Grifo meu) permanece. Temos características que nos aproximam das boas escolas particulares”, explicou o diretor Miguel Tavares Mathias, diretor do CAp-Uerj.
O que é ser uma boa escola? É simplesmente preparar bem o(a) aluno(a) para a disputa na sociedade de consumo, ou formar bem o cidadão que irá gerir esta mesma sociedade?
A referida afirmação confirma um pouco um modelo societário onde a escola apenas confirma a sociedade desumana que prepara para o consumo e para a individualidade.


Agora uma afirmação bem interessante do mesmo Diretor;

Segundo ele, é necessário que haja uma maior valorização do professor e da escola na sociedade. “Um bom ensino vem através de bons profissionais e, por isso, é preciso que o governo dê melhores condições para o ensino. Um professor público recebe quase 70% a menos do que um particular. Além disso, a carga horária é muito maior”, afirmou.



Nenhum comentário:

Postar um comentário